sexta-feira, abril 13, 2018

Empresário confirma repasse de propina a ex-assessor de Eduardo Campos

Reprodução: Internet


Por: Amanda Miranda / JC
O empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho – alvo das operações Lava Jato e Turbulência e dono do avião usado pelo ex-governador Eduardo Campos na campanha à Presidência – afirmou em acordo de delação premiada que, de 2010 a 2014, repassou dinheiro de empreiteiras interessadas em negócios com o governo estadual a Aldo Guedes (foto), ex-auxiliar de Eduardo. “Todos os contatos referentes ao repasse de valores a Eduardo Campos eram feitos pelo colaborador com Aldo Guedes”, relata o termo de colaboração firmado por Lyra com o Ministério Público Federal (MPF). Em depoimento, ele também relatou que teria sido articulada por Guedes a compra da aeronave que caiu em Santos, matando o então presidenciável e mais seis pessoas.
Segundo Lyra, alguns encontros com Aldo Guedes chegaram a acontecer na Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), empresa que tem participação do governo estadual e foi presidida por ele. Mas, de acordo com o depoimento do empresário, a entrega do dinheiro não teria acontecido lá. “Os repasses de valores ocorreram, na maior parte das vezes, na garagem do prédio residencial em que Aldo Guedes mora, na Avenida Boa Viagem (...); também ocorreram entregas de valores em locais públicos aleatórios”, afirmou. Parte dos recursos da suposta propina teriam saído de empresas de Lyra que tinham contratos com empreiteiras, principalmente a OAS e a Mendes Júnior, para obras federais como a Transposição do São Francisco e o Píer Petroleiro do Porto de Suape, através de notas fiscais superfaturadas, geralmente em 20% do valor do serviço.
O empresário afirmou que foi Aldo Guedes quem o procurou, em 2013, para dizer que Eduardo iria se candidatar à Presidência e precisaria de um avião para a campanha. O empresário, então, teria proposto a Apolo Santana Vieira, outro alvo da Turbulência, a abrir uma empresa de táxi aéreo pelos dois em sociedade com o ex-auxiliar do socialista, após as eleições. Lyra disse ao MPF que o ex-governador não gostou do avião de Apolo, então outro foi comprado, em maio de 2014, por US$ 8 milhões.
O termo da delação relata “que o colaborador ficou encarregado de adotar as providências para constituir uma empresa de táxi aéreo; que as despesas referentes ao uso da aeronave pela campanha de Eduardo Campos seriam pagas, depois da constituição dessa empresa de táxi aéreo, pelo PSB; que não houve tempo para constituição da empresa de táxi aéreo nem para o recebimento de qualquer valor do partido, vindo a ocorrer o acidente em que Eduardo Campos faleceu”.
O acordo de Lyra está sob sigilo, mas teve parte vazada ao ser compartilhado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga o ex-senador Vital do Rêgo, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O empresário prestou depoimento ao MPF no Recife, em 17 de janeiro de 2017, quatro meses após ser solto na Turbulência.
O Palácio do Campo das Princesas e o PSB nacional afirmaram que não iriam se pronunciar sobre as declarações de João Carlos Lyra. A defesa de Aldo Guedes também disse que não vai comentar. O TCU respondeu que “o ministro desconhece o empresário citado, assim como a delação mencionada”. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da OAS por e-mail, mas não obteve retorno. A Mendes Júnior não atendeu as ligações.

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